terça-feira, 15 de março de 2011

O Anhangava... tudo começou aqui

                Queria começar meu primeiro texto relatando uma lembrança que eu tenho da minha linda infância. Veio a minha mente, aquela menina magrela, sonhadora, sapeca, que adorava subir no pé de manga do quintal da casa do vovô, e subia o mais alto que podia. Destemida e aventureira, nem poderia imaginar que um dia seria montanhista e muito menos escaladora (ainda meia boca... mas chego lá). O tempo passou , cresci, e hoje, sou ironicamente uma adulta tomada pelo pavor e medo de altura... (risos).
Em 2009, minha vida deu uma guinada inesperada, resumindo, sai da Bahia para o Paraná, de Salvador para Curitiba.  Ao chegar aqui, fase de adaptação bem difícil, apenas com apoio e amizade das minhas primas que vieram juntamente comigo. Tudo muito diferente, cultura, comportamento, clima, etc. Como faço parte do Caminho da Graça, a primeira coisa que fiz foi procurar uma estação aqui, e foi lá que fiz os meus primeiros e grandes amigos aqui no Paraná. A Valéria, o Tato e a Silmara. Com o passar dos dias, conhecendo mais desses amigos, descubro que o Tato era escalador e montanhista das antigas em Curitiba. Mas como comentei acima, passei a ter medo de altura, então quando o Tato me falava de montanha, escalar, já me dava um frio na barriga e uma sensação de medo terrível...
Aconteceu que, em  um certo sábado de maio, resolvi subir o Morro do Anhangava com mais 3 amigas e um amigo: Valeria, Haline, Michele e o Rafael. Totalmente despreparada fisicamente, mas curiosa, minha primeira ascensão em ambiente de montanha.  A trilha foi toda tranqüila, as subidas com risadas e brincadeiras feitas pela turminha.  Rafa como nosso guia, só fazia rir da mulherada despreparada e sem noção total.

Enfim, tivemos nossa primeira parada para o lanche, numa pedra q não lembro muito bem o nome, mas já dava pra ter um noçãozinha do que nos esperava lá em cima. 

Começamos as subir e vislumbrando o que tinha atrás de nós, uma paisagem inesquecível e assombrosamente linda.
Chegamos a Pedra do almoço, um local que fica a poucos metros do cume do Morro, e foi nesse momento que entendi o que o Tato me falava tanto, percebi naquela hora o quanto aquela paisagem me acalmava, me fazia feliz, e me trazia paz.

Conclui que eu precisava disso em minha vida, de estar ali sempre.  Senti que o vento que pairava naquele lugar levava todas as minhas tristezas, incertezas e medos (inclusive o de altura). Tudo se tornou pequeno diante aquela paisagem espetacular, foi como se a minha mente, minha alma e espírito conseguissem repousar e descansar e assim descobri que a montanha tinha que “fazer parte do meu show”.
E aquela menina magrela, sapeca que subia no pé de manga da caso do vovô, agora irá subir as mais belas montanhas.